CAPÍTULO 1
A ERA DOS INVENTORES
Conceção do cronógrafo moderno
Entrar no ramo do fabrico de relógios na década de 1880 não era uma tarefa fácil. A Suíça vivia o pior momento de uma longa recessão. Contudo, apesar das dificuldades económicas, agitação social e incerteza em relação ao futuro, Léon Breitling, de 24 anos de idade, manteve-se fiel à sua visão de criar instrumentos que tivessem a capacidade de medir, dividir e controlar o tempo.
Assim nasceu a marca Breitling. Com paixão e entusiasmo, o nosso inventivo fundador criou os relógios que hoje conhecemos e adoramos pela sua utilidade, funcionalidade, fiabilidade e robustez.
Léon Breitling abriu o seu primeiro atelier em Place Neuve 1, Saint-Imier. Foi neste lendário local, numa das praças mais movimentadas da cidade, que começou a imaginar, desenvolver e produzir estes relógios icónicos. As suas criações foram o ponto de partida para inovações patenteadas que conferiram à Breitling um lugar de relevo na história da relojoaria.
Cada vez mais bem-sucedido, Léon Breitling decidiu transformar a sua oficina numa verdadeira fábrica de relógios. La Chaux-de-Fonds, a capital nacional e mundial da relojoaria, passou a ser o seu centro operacional.
No início do século XXI, a sua ampla gama de cronógrafos e temporizadores de topo tornou-se uma referência para a indústria. Os relógios Breitling eram cobiçados por amantes do desporto, atletas e pioneiros da aviação. Léon nunca deixou de reinventar e aperfeiçoar os seus relógios. Ao longo da sua vida profissional e pessoal, criou inúmeras patentes, algumas das quais se mantêm relevantes até aos dias de hoje.
JÁ SABIA?
Léon Breitling foi desde sempre um homem à frente do seu tempo. Compreendia o poder do marketing e, com a sua expansão, a sua empresa passou a designar-se “L. Breitling, Montbrillant Watch Manufactory”.
Breitling patenteou um movimento com uma impressionante reserva de marcha de oito dias.
No mesmo ano, lançou o pulsógrafo, que permitia a medição da frequência cardíaca de um paciente. A invenção, que apresentava uma escala logarítmica ideal para a tarefa em questão, foi imediatamente valorizada pelos médicos.
Três anos mais tarde, Breitling atingiu outro marco importante: um cronógrafo com uma precisão de dois quintos de segundo — inédito naquela época. No espaço de uma década, a empresa vendeu mais de 100 000 cronógrafos e cronómetros.
JÁ SABIA?
Como um dos primeiros a adotar estratégias de marketing, Léon Breitling e as suas inovações tornaram-se populares por recorrerem a uma forma de publicidade conhecida como réclame (ou “anúncios”). A primeira edição da revista internacional Revue Internationale de L’horlogerie et des Branches Annexes. lançada em janeiro de 1900, continha um anúncio a enaltecer as qualidades dos cronógrafos e temporizadores desportivos da Breitling. Estas qualidades incluíam o ponteiro de fração de segundos, para a cronometragem de dois eventos em simultâneo, e ainda a sua recém-lançada “reserva de marcha de 8 dias” — um relógio de mesa que podia funcionar durante mais de uma semana sem precisar de corda.
Quando os automóveis se tornaram o principal meio de transporte, Léon Breitling patenteou um taquímetro para relógios de bolso. Como precursor do velocímetro automóvel, a sua escala de velocidade de fácil leitura desacelerou o ponteiro dos segundos, que passou a dar uma volta ao mostrador em quatro minutos, permitindo ao utilizador medir qualquer velocidade entre 15 e 150 km/h.
JÁ SABIA?
O relógio de bolso “Vitesse” de Léon Breitling estava equipado com a inovação do taquímetro e foi através dele que, em 1906, foram aplicadas as primeiras multas por excesso de velocidade na Suíça. Sim, é à Breitling que temos de agradecer pelo “progresso”!
Gaston Breitling sucedeu ao seu pai e seguiu-lhe as pisadas, com o foco direcionado para a questão da usabilidade. Gaston acabou por criar duas importantes inovações que moldaram o cronógrafo tal como o conhecemos hoje.
Gaston Breitling criou um dos primeiros cronógrafos de pulso com um botão independente na posição das 2 horas. Este separava o botão do cronógrafo (que controlava as três funções de cronógrafo: “iniciar”, “parar” e “repor a zero”) da coroa. Este golpe de mestre não só facilitou a utilização do cronógrafo como também ajudou a evitar erros ao tornar a função de arranque numa ação totalmente deliberada e independente da ação da coroa de corda.
Breitling aperfeiçoou o sistema de controlo do cronógrafo, transferindo novamente a função “repor a zero” para a coroa e mantendo as funções “iniciar/parar” no botão na posição das 2 horas. Esta inovação patenteada permitia aos utilizadores adicionar vários tempos sucessivos para cronometrar provas desportivas, processos científicos ou voos, sem precisarem de repor os ponteiros a zero.
Com apenas 19 anos e assim que terminou o seu percurso escolar, Willy Breitling assumiu o leme do negócio da família — cinco anos após a morte do seu pai Gaston.
O proprietário da Breitling de terceira geração patenteou a sua própria função revolucionária de cronógrafo: um segundo botão na posição das 4 horas, dedicado exclusivamente à reposição do cronógrafo a zero. Não se tratava apenas de uma melhoria funcional. Esta funcionalidade foi o derradeiro golpe no desenvolvimento do cronógrafo tal como o conhecemos hoje, com dois botões independentes em ambos os lados da coroa de corda.
O período entre a década de 1880 e a década de 1930 ficou marcado por importantes invenções técnicas na Breitling. Precisão e usabilidade estavam na ordem do dia. Em termos de inovação e design, esta família de inovadores influentes estava sempre um passo à frente. Willy Breitling rapidamente levou o marketing e o design de produto para um novo patamar. Apoiando-se na base técnica estabelecida pelo seu pai e avô, começou a denominar os seus produtos e a desafiar os limites do seu design.